Avô
que nem um dia passas sem me visitar
que nem uma noite passas sem me apaziguar
os sonhos, acalentá-los,
de afastar meus tormentos.
E meu outro avô de imaginação,
De quem não conheço rosto,
Nem voz, nem hábitos,
nem vícios, nem gostos.
Que não vens de dentro, mas de fora.
Não te zangues, não faço por mal,
Também te quero a vigiar-me o sono.
Onde pairam?
Olham-me, onde me guardam,
Esperam-me.
Os dois, bem sei, recebem a
entrega do meu dia, do meu trabalho,
das minhas dores e amores,
do meu passo falhado e ganho.