Santa Cegueira

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Santa Cegueira


E se um dia pensar em acender a fogueira,
Vou rir, vou rir, vou rir da asneira.
Mas, se o tolo insistir em abrir a torneira,
Paga-se, faz-se vista grosseira.
Tontos, tolos e bobos,
Quem afi nal se safou no Auto do Vicente?
Se não foi o parvo entre tanta gente.
Há que não dar corda à maledicência.
Há que ignorar quem se tem em sapiência,
Porque se há vampiros a troco de nada,
Também há quem se vá sem boa gargalhada.
E se cair em poça de vergonha,
Levanto-me, mãos à barriga,
Que é feio rir sem segurar o estômago,
Sem fi tar quem assiste e retomar fôlego.
Conquisto o velho, o jornaleiro, a modista
Com piadas, com sátiras e sem uma vista,
Pois que o cego pode ser gente,
Se em terra sem rei,
Manda quem ri e sente.

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