Espinhos
É verdade que a vida nos maltrata,
Nos goza,
Nos rega e desidrata.
É mentira que não sejam meus olhos, minha boca,
Meus ímpetos, meus anseios,
Que me levam por bosques de espinhos escondidos na mata.
Minto se disser que não era sangue que queria ver,
Que não procurava prova de que o belo faz sofrer.
E, no fim, se não é a água no pé de espinhos,
Que outra coisa o fará crescer?
in “Assim, como as Cerejas”