Cartada

Cartada

Tem mesmo de trabalhar,
Não pode desviar.
Palmei tanto para cá chegar,
Que seria agora não aproveitar.

Esbanjar tempo,
Esbanjar degraus,
que seria agora…
Esbanjar!

Mas, na bravura do caminho,
na dureza da aventura,
há flores, há cores,
não há como não cheirar.

Acolhe a terra, palmilha-a forte,
segura, que não te trave a pedra,
porque o bom é ver a lua e o sentido,
cada um que o escolha e leve.

Vai formosa, mesmo que não segura.
E não digas que a bondade vem daqui
– que é feio mostrar o bolso sem ninguém to pedir.

Acolhe, sabedora do poder do exemplo,
e mistura, cozinha cada ingrediente,
que a maturação da carne não escolhe
quem com fome de gente lhe ferra o dente.

Sem saberes onde te leva a digestão,
não te esqueças que o que comes,
transformas e espalhas.
Dás-te ao mundo pelo que expulsas
do nome e apelido marcados
no vinco que é sina na tua mão.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *